Gamificando #1 - Transferir ou Monitorar o Conhecimento?
No nosso dia-a-dia vemos que os professores estão acostumados a produzir
os próprios conteúdos. E a questão de produzir materiais autorais é muito
importante, pois passa pelo estudo de tudo aquilo que o profissional acredita,
de seus referenciais, de suas vivências.
Essa semana estava lendo uma citação de JENKINS* – e prontamente comprei
o livro, que dizia: “o ideal do cidadão informado está desintegrando-se,
simplesmente porque há coisas demais para apenas um indivíduo saber”.
O primeiro pensando que ficou pairando sobre minha cabeça foi sobre os
alunos que tem conhecimentos que extrapolam o conteúdo escolar, daquele aluno
que sabe, porque resolveu pesquisar depois que ouviu alguém contar algo
interessante.
As primeiras ideias que ficaram latentes eram aquelas que conduziriam
para um aprendizado colaborativo. Mas isso ainda assim, seria o que estamos
acostumados a propor. Pensei além, sem limitação do que se vê por aí.
Agora imagine um trabalho de História que ao invés de resultar em um
trabalho colaborativo no GoogleDocs, resultasse em uma transformação: um
projeto audiovisual, que poderia ser um vídeo, uma animação ou qualquer outro resultado
diferente daquele que estamos acostumados.
O aluno tem o conhecimento e deveria se sentir à vontade para produzir
uma nova forma de entrega do trabalho de acordo com as suas habilidades.
Acho que as pessoas ficariam pensando em vídeos-powerPoint-movieMaker. E
não é nada disso que estou pensando.
Penso que um grupo poderia realizar uma pesquisa sobre as pirâmides do
Egito. Após este processo os alunos ou uma parte deles, que domine um recurso,
como o jogo Minecraft, poderia se dedicar a criar um mundo virtual dedicado a
pesquisa.
A partir disso os alunos poderiam caracterizar aquele mundo com
informações sobre a estrutura da pirâmide, com vértices decorados ou forjados
com ouro, construindo ela como um espaço de visitação, ou seja, um “museu
virtual”.
Ao entrar neste espaço os alunos poderiam ainda recriar as pirâmides por
dentro com as suas formas, com tumbas de faraós e tudo mais que foi encontrado ao
longo da pesquisa.
O papel do professor mudaria ao longo do processo, pois ele teria
condições de monitorar o desenvolvimento do trabalho, verificando a prática dos
alunos, mediando às relações, porém sem a necessidade de ser detentor daquele
conhecimento específico, neste caso, do Minecraft.
Dessa forma, segundo Jenkins(2009):
“Agora, a cidadania monitora — observe que na opinião do pesquisador o que se torna possível é monitorar, não mais deter a informação — dependeria do desenvolvimento de habilidades em colaboração e de uma nova ética que permita compartilhar conhecimentos que permitirão chegar a deliberações coletivas.”
A produção dos trabalhos poder tomar novos rumos nas suas finalizações
ampliando os repertórios dos envolvidos, que poderiam propor sempre novidades
de acordo com as combinações de conhecimentos dos alunos.
Gamificar é mudar a forma, mudar o suporte, seja para apresentar um
conteúdo, seja para apresentar o resultado de um trabalho/pesquisa.
*JENKINS, Henry - CULTURA DA CONVERGÊNCIA.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirObrigado Gisele!!!
ResponderExcluirAcho que na medida em que mais recursos vá surgindo e que mais programadores se dediquem a criação de conteúdos (jogos) voltados para a transmissão de conhecimentos mais rápido se processará a mudança no sistema de ensino. Pois a sociedade já vive a interatividade e a escola está posta mais como uma barreira ao aprendizado do que como fonte dele.
ResponderExcluirOlá Diego, tudo bem?
ResponderExcluirAcredito que não serão os programadores que vão produzir os jogos e sim o s próprios alunos. É uma tendência porque faz mais sentido para o aluno criar baseado nos conhecimentos que ele vai adquirindo. Muitas vezes os programas não conseguem atingir os alunos.
Nesta linha de pensamento, o modelo atual onde a escola é a única fonte e o professor o transmissor de conhecimento caminham para uma mudança radical. E em muito lugares já ocorreu essa mudança. O professor vai ficar como um tutor/orientador/mediador do conhecimento. Os alunos vão aprender por conta própria. Hoje falasse em Khan Academy, Flipped Classroom, blended learning... muita coisa nova. Espero poder escrever sobre muita coisa aqui ainda!
Até mais!